Trump oficializa sobretaxas e inclui Brasil na lista de países afetados
Numa medida de repercussões globais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta (8) o ato que estabelece tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados ao país, um dos maiores compradores mundiais desses insumos.
O Brasil, segundo maior exportador de aço para os EUA, não foi poupado e estará sujeito à sobretaxa -o que deve desequilibrar a indústria siderúrgica nacional, que emprega cerca de 100 mil pessoas.
As tarifas passarão a valer em 15 dias. Por ora, apenas os vizinhos México e Canadá foram excluídos da medida, e assim permanecerão, a depender de como forem as renegociações do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte).
Mas Trump deixou aberta a possibilidade de modificar e renegociar as tarifas, desde que não haja ameaça à segurança nacional dos EUA. “Vamos ver quem nos trata com justiça e quem não”, afirmou o presidente.
A medida tem o potencial de gerar uma guerra comercial global: a União Europeia já ameaçou retaliar produtos americanos, como calças jeans Levi’s, uísque do tipo Bourbon, cranberries e até pasta de amendoim.
Efeitos no Brasil
Já o Brasil, que tentava renegociar a sobretaxa com o governo americano, não exclui a possibilidade de levar a questão à OMC (Organização Mundial do Comércio).
No ano passado, o país exportou US$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 8,5 bilhões) em aço aos Estados Unidos, principal comprador do produto brasileiro.
“É uma alíquota extremamente alta e, com certeza, irá inviabilizar nossas exportações para lá” afirmou na semana passada o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, à reportagem. Os EUA respondem por um terço das exportações brasileiras de aço.
O ministério da Indústria e Comércio Exterior argumenta que o produto brasileiro não concorre com o americano, que compra produtos semiacabados de aço. Além disso, o Brasil também é o principal comprador de carvão dos EUA -uma indústria igualmente cara a Trump, que prometeu revitalizar o setor e gerar empregos para seus trabalhadores, que votaram em peso no republicano.
O carvão americano é especialmente usado na indústria siderúrgica do Brasil. Se sua produção for afetada pelas sobretaxas, as importações do produto, consequentemente, irão diminuir.
Gazeta do povo