Regra vigente era distribuir propina, diz Sergio Machado a Moro

Ex-presidente da Transpetro foi ouvido como testemunha na ação penal que investiga esquema de corrupção envolvendo contratos da subsidiária da Petrobras

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O colaborador Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobras) afirmou nesta segunda-feira (5) ao juiz Sergio Moro que, para permanecer no cargo, a regra vigente era distribuir propina aos políticos responsáveis por sua nomeação.

Segundo ele, a propina que arrecadou foi direcionada, em especial, à bancada de senadores do MDB. Sergio Machado foi ouvido como testemunha na ação penal que investiga esquema de corrupção envolvendo contratos da Transpetro.

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, além de Machado, o ex-gerente José Antônio de Jesus, preso em novembro de 2017, também era responsável por cobrar propina de empresas que fechavam contratos com a estatal. Em seguida, repassaria os valores ao PT.

Machado disse a Moro que os executivos não eram avaliados por seu desempenho, mas pela capacidade de atender às reivindicações dos políticos. Ele afirmou que tinha conhecimento de que o diretor financeiro da Transpetro era mantido pelo partido do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB).

O ex-presidente da estatal relatou que as empresas sabiam que ele só permaneceria na presidência caso atendesse aos políticos que sustentavam seu cargo. As companhias, segundo Machado, tinham medo de perder a boa relação com a Transpetro se ele deixasse sua posição.

Machado disse que não se importava com qual empresa ganharia as licitações, já que qualquer uma teria que pagá-lo. Ele afirmou que o percentual era de até 4% em cima do valor do contrato.

Segundo Machado, a propina era paga ou por doação oficial ou em espécie. No segundo caso, eram criados dois codinomes -um de quem iria pagar e outro de quem iria receber.

Machado afirmou que se reunia em Brasília com políticos, passava os codinomes, e eles enviavam intermediários para receber os valores.

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O ex-presidente da Transpetro foi uma das partes de um polêmico diálogo gravado de forma oculta e divulgado em maio de 2016. Na conversa, o senador Romero Jucá (MDB-RR) manifestava a Machado que uma mudança no governo federal seria necessária para “estancar essa sangria”, referindo-se a investigações da Lava Jato.

“Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel [Temer]”, disse Machado, sugerindo um “grande acordo nacional”. “Com o Supremo, com tudo (…) Delimitava onde está, pronto”, respondeu Jucá.

Também falou a Moro nesta segunda o empresário Nelson Maramaldo, sócio da NM Engenharia, empresa que pagou propina a Transpetro. Ele reafirmou o conteúdo de seu acordo de colaboração premiada ao afirmar que repassou vantagens indevidas a Machado.

Segundo Maramaldo, Machado o convidou para uma reunião em 2008, na qual ofereceu uma grande obra em troca do pagamento de propina. Ele teria cobrado 5,5% sobre o valor do contrato, de cerca de R$ 300 milhões, e dito que a empresa deveria pagar a comissão de todas as obras que já havia realizado com a estatal e das seguintes.

O empresário afirmou que Machado dizia que tinha compromissos sérios com políticos que precisavam ser cumpridos. Posteriormente, de acordo com Maramaldo, o diretor regional do Nordeste, conhecido por ele como “zangado”, passou a pedir 1% de propina sobre os contratos firmados com a Transpetro. “Se não derem essa participação, vou transformar a vida de vocês em um inferno”, teria dito.

Segundo a denúncia, tratava-se do ex-gerente José Antônio de Jesus. Também teriam participado do esquema familiares e intermediários do ex-gerente. Eles são suspeitos de operacionalizarem o recebimento de R$ 7 milhões de propinas pagas pela NM entre setembro de 2009 e março de 2014.

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