Dezenas de políticos têm WhatsApp clonado
Vítimas receiam que invasão seja seguida de golpe e extorsão
Um levantamento revela que, de 2016 até agora, pelo menos 20 parlamentares tiveram o WhatsApp clonado. O receio dos políticos é que a invasão seja seguida de algum golpe ou extorsão, como já aconteceu em alguns casos.
O ministro Carlos Marun (MDB-MS), da Secretaria de Governo, foi afetado no início do ano passado. “Além do contratempo de ficar sem uma das principais ferramentas de comunicação que utilizamos hoje em dia e de ter sido vítima de um golpe, fica também uma sensação de violação da intimidade e da privacidade. Agora, quem é que me garante que meu aplicativo não é bisbilhotado por aí?”, questiona o ministro.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) também está entre as vítimas. Ela teve o aplicativo de mensagens clonado no início deste ano. “Vou fazer uma representação ao MPF [Ministério Público Federal] pedindo que obrigue o WhatsApp a ter uma representação efetiva para atender aos clientes no Brasil. Esse canal não existe e levou dez dias para conseguir falar com eles e obter uma solução”, afirma.
O deputado contou ao UOL que teve quatro contas clonadas em aparelhos diferentes. Segundo ele, um dos seus contatos chegou a depositar R$ 600 para o golpista.
Um outro deputado consultado pela publicação disse ter sido ameaçado por conta de uma pornografia recebida em um grupo. “O que existia era alguma pornografia compartilhada em grupos de amigos, e o golpista ameaçou expor. Eu nem tinha compartilhado nada e não me preocupei. (…) Falei que era deputado e que ia entregar o caso para a PF, nunca mais me procurou e eu mudei o aparelho, a linha e a conta no aplicativo de mensagens”, contou. “Agora, imagina quem tem o que não deve registrado ali? Não dorme em paz nunca mais”, brincou ele..
Consultado pelo UOL, Emílio Simoni, diretor da DFNDR Lab da Psafe, empresa especializada em segurança digital, explicou que “o WhatsApp é um aplicativo muito seguro, mas os telefones celulares não são”.
“Geralmente, as clonagens são utilizadas para aplicação de golpes e extorsão, mas em tese é possível utilizar as técnicas para capturar o conteúdo de mensagens e mídia do WhatsApp em trabalhos de inteligência criminosa e espionagem. Os parlamentares não estão ficando paranoicos não. Agora, se isso está mesmo ocorrendo, é outra história”, disse. “A maioria das pessoas pensa que esta história de hacker só acontece no exterior e isso não é verdade. Os hackers brasileiros estão entre os melhores do mundo”, concluiu.
Procurado pela reportagem, o WhatsApp enviou um link a partir do qual os usuários podem denunciar “clonagem ou algum uso errôneo” da sua conta no aplicativo e garantiu que a prioridade da empresa é criar um ambiente seguro para os usuários se comunicarem.
Segundo a publicação, em resposta às frequentes queixas, a Polícia Legislativa emitiu um comunicado a todos os deputados federais e senadores recomendando que instalem a verificação por senha e e-mail no aplicativo, para dificultar a invasão ou clonagem.
A PF afirmou em nota que está investigando o caso.
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