Oscar 2018: críticos listam filmes favoritos
A aposta é que ‘Dunkirk’ deve ser grande vencedor
Tão aguardada por diretores, atores e cinéfilos, a 90ª edição do Oscar acontecerá no próximo domingo (4), no teatro Dolby, em Los Angeles. A lista de indicados conta com filmes como “A Forma da Água”, “Me chame pelo seu nome”, “Dunkirk” (foto), “Corra” e “Três anúncios para um crime”. Desde que as indicações foram divulgadas, especialistas tentam prever quem serão os grandes ganhadores da noite, baseados muitas vezes nas premiações que já aconteceram.
Veja o trailer de
‘Dunkirk’
Para Piero Sbragia, crítico de cinema e professor da FMU, o prêmio do Sindicato dos Atores (SAG Awards) é um bom termômetro dos favoritos, já que a comissão é composta praticamente pelos mesmos membros que votam no Oscar.
Além disso, para Fernando Salinas, professor de cinema da Universidade Mackenzie, as premiações do British Academy Film Awards (Bafta) e do Globo de Ouro também podem indicar os vencedores.
Confira alguns palpites para o Oscar 2018:
Melhor filme: A categoria é aquela com mais indicados, nove, e tem como favoritos “Corra!” e “Dunkirk”, segundo Sbragia. “Mas meu voto é em ‘Dunkirk’ porque representa o que é Hollywood hoje”, diz. Já Salinas fala que votaria no mesmo filme, ainda que outros longas tenham sido premiados. No entanto, ele aponta que a melhor produção, na verdade, é “Trama Fantasma”, um “filme de arte, que não terá tanto reconhecimento no Oscar”.
Melhor atriz: Arriscando a mesma escolha do Sindicato dos Produtores, Sbragia acredita que “Frances McDormand [‘Três Anúncios para um Crime’] deve levar.” “É praticamente impossível que ela não leve”, reforça Salinas. Ele ainda elogiou a nomeação de Margot Robbie, pois, “como ela é bonita, acaba não sendo valorizada” pela sua atuação.
Melhor ator: “O prêmio já está na mão de Gary Oldman [‘O Destino de Uma Nação’], o grande papel da vida dele é interpretar Winston Churchill”, disse Sbragia. “Eu diria até que ele é um dos atores injustiçados com relação ao prêmio, praticamente não tem concorrente”, acrescentou.
Melhor direção: Baseado em seu voto pessoal, Sbragia declara que Christopher Nolan (‘Dunkirk’) deve ser premiado. “Eu acho que ele conseguiu produzir um filme de cinema, e geralmente os produtores gostam desse tipo”. Porém o professor não ficaria surpreso caso Jordan Peele, de “Corra!”, ganhasse. “‘Corra!’ é um filme que saiu da cabeça dele, foi escrito por ele e dirigido por ele. E, se for parar para pensar, estreou no começo do ano passado, então é um filme que ‘sobreviveu’ a um longo tempo”.
Melhor atriz coadjuvante: A categoria deve ficar entre as mais veteranas, segundo Sbragia. “Allison Janney está completamente irreconhecível em ‘Eu, Tonya'”, relatou. Por isso, ele mantém o voto dado pelo SAG Awards. Salinas concorda. Para ele, seria uma “injustiça” se a atriz não ganhasse, por conta de toda a sua carreira e por ser “uma das melhores atrizes do mundo”.
Melhor ator coadjuvante: Concorre a “Melhor ator coadjuvante” Christopher Plummer, que substituiu Kevin Spacey às pressas em “Todo o Dinheiro do Mundo”, após o astro ter sido acusado de abuso e expulso da produção do filme. De acordo com os críticos, isso pode influenciar os votos da Academia. Mas, para Sbragia, como “Três Anúncios Para um Crime” – concorrendo na categoria com dois atores diferentes, Woody Harrelson e Sam Rockwell – recebeu outros prêmios, poderia derrotar a atuação de Plummer.
Melhor filme estrangeiro – Ambos os professores elogiaram o chileno “Uma Mulher Fantástica”, mas não acreditam que o longa levará a estatueta. O grande vencedor, na visão deles, deve ser o libanês “The Insult”, por conta de seu cunho político. “Ele trata de questões de casa, uma briga de vizinhos acaba quase que em uma guerra entre dois países, como algo pequeno vira uma bola de neve. O longa-metragem tem tudo a ver com o que a gente passa, tanto no Brasil como nos Estados Unidos”, disse Sbragia.
Melhor roteiro: Sbragia e Salinas se mostraram surpresos com a indicação de “Corra!”. “É um filme que sobreviveu”, apontou o primeiro, fazendo referência à estreia do longa, ocorrida muito tempo antes de a lista de indicados ser divulgada.
Melhor roteiro adaptado: O favorito é “Me Chame Pelo Seu Nome”, segundo Salinas. “Ninguém deve tirar esse prêmio dele”, disse. A categoria reserva uma curiosidade: o filme “Logan” é o primeiro inspirado em histórias em quadrinhos a ser nomeado, mas isso não deve ter muito peso na decisão final.
Melhor roteiro original: “A Forma da Água”, do diretor mexicano Guillermo Del Toro, é um dos indicados. No entanto, nesta semana o filme foi acusado de plágio, o que pode interferir nos votos. Contudo, segundo Salinas, Del Toro tem muitos amigos na Academia e, se ganhar, poderia ser uma resposta a Harvey Weinstein, que o criticou no começo de sua carreira e agora está afastado de Hollywood após ser acusado de abuso por dezenas de mulheres.
Melhor trilha sonora – Os dois especialistas acreditam que quem leva é “Dunkirk”, cuja trilha foi composta por Hans Zimmer, compositor alemão que já recebeu 110 prêmios ao longo de sua carreira. Para Sbragia, Dunkirk “foi construído a partir da trilha sonora”, e o trabalho “foge do que as pessoas estão acostumadas”. “Se a gente ouve a trilha de ‘Dunkirk’, não faz sentido algum”, salientou. Ele ainda apontou como as músicas ajudam na compreensão da história: “É uma trilha que foi feita pensando no filme. Ele [Zimmer] geralmente tem essa preocupação quando compõe.” Salinas ressaltou como a trilha do filme é diferente de qualquer coisa que já ouviu. “Não deve ter escapatória, porque o trabalho de áudio desse filme é impressionante.” Para ele, os únicos que podem derrotá-lo são “Em Ritmo de Fuga” e “A Forma da Água”, mas o professor não acredita nessa hipótese.
Melhor montagem – “Eu acho que seria uma injustiça se ‘Em ritmo de fuga’ não ganhasse. É maravilhoso”, disse Salinas. Contudo, em sua opinião, se não ganhar, quem deve levar é “Dunkirk”, já que apresenta aspectos diferentes de outros filmes. Sbragia reforça a opinião de Salinas: “[Em ritmo de fuga] Segue o tipo de edição muito rápida e intensa, é um filme que foi construído a partir da edição.” No entanto, como os votantes do Oscar são mais conservadores, a edição poderia ser “incômoda”. Com isso, ele “apostaria em ‘Dunkirk’, porque não custou tão caro, tem produção modesta perto dos outros e sugere muita coisa”.
Melhor design de produção – Nesta categoria, somente um filme de ficção foi indicado, “Blade Runner 2049”, que deve levar a estatueta para casa. Para Salinas, o design de produção do longa “é um trabalho excepcional”. “[Blade Runner 2049] Destoou muito dos outros filmes”, reforçou Sbragia, chamando a produção de “desafiadora”. “Eles criaram toda uma atmosfera com referências a filmes orientais, de faroeste e apocalípticos, e todo o design de produção foi feito para criar paradigmas e ser vanguarda em alguns sentidos”, completou.
Melhores efeitos visuais – A categoria dominada pela “computação gráfica”, de acordo com Salinas, mas que ainda requer alguns “truques” antigos, deve premiar “Planeta dos Macacos – A Guerra”. Sbragia concorda, apesar de a categoria reservar “surpresas”, pois “geralmente premia filmes não tão bons em si, mas que sabem colocar os efeitos sem cair no fantasioso”.
Melhor fotografia – Pela primeira vez em 90 anos, uma mulher, Rachel Morrison, foi nomeada na categoria, pelo filme “Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi”. Como é a primeira indicação feminina, isso pode influenciar o voto. “Até 20 anos atrás, a categoria era dominada por homens. Toda a indústria de produção cinematográfica era dominada pelo sexo masculino”, disse Salinas.
Melhor animação – “Triste, para os brasileiros”, porque ‘O Touro Ferdinando’ não deve levar o prêmio, perdendo para ‘Viva – A Vida é uma festa’, de acordo com Salinas. Ainda assim, ele disse que seria “merecido”.
Melhor edição de som – A categoria que comporta sons que não foram capturados de maneira orgânica deve premiar “Em Ritmo de Fuga”, pois “destoa dos demais justamente porque há muitos elementos sonoros que não foram capturados na cena e que estão muito bem alinhados para passar a história do filme”, segundo Sbragia.
Melhor mixagem de som – Repetindo o voto anterior, Sbragia coloca “Em Ritmo de Fuga” como ganhador. A mixagem une os sons captados em cena com aqueles produzidos posteriormente às gravações.
Melhor maquiagem e cabelo – “O Destino de uma Nação” será o premiado da categoria, para os especialistas. “A caracterização de Churchill é bem interessante. Meu voto vai para ‘O Destino de uma Nação’, porque se tem uma interpretação muito bonita de Churchill, e a maquiagem de forma alguma atrapalha nisso”, disse Sbragia. “Não tem jeito, ‘O Destino de uma Nação’ vai ganhar. É um trabalho impressionante”, acrescentou Salinas.
Melhor Figurino – “Eu aposto em ‘A Bela e a Fera’, porque levou em consideração a ousadia do figurino”, disse Sbragia. Contudo, como a figurinista Jaqueline Durran está indicada em dois filmes (ela também concorre com “O Destino de uma Nação”), isso poderia dispersar os votos. Seu outro favorito é “Trama Fantasma”, que ele “não duvida” que ganhe. Salinas, para quem normalmente os figurinos indicados são “muito bons e característicos de alguma época”, apontou que há uma certa “injustiça” em não indicar filmes de ficção científica na categoria, pela dificuldade que existe em recriar as roupas nesse tipo de longa. Em sua opinião, o figurino mais bonito é o de “Trama Fantasma”.
Melhor Fotografia – “Todo ano eu fico fascinado em tentar entender essa categoria, pois hoje existe um desafio muito grande para o diretor de fotografia pensar, porque as pessoas veem filmes em casa, na televisão, no computador, no celular, e não se pode ter diferença de percepção do filme”, disse Sbragia. Seu voto vai para “Blade Runner – 2049”. “Ele foi muito criticado porque não existiu uma unidade da fotografia no filme, mas acho que é justamente essa ideia, não adotar um padrão”, explicou.
Melhor canção original – De acordo com Sbragia, analisando o histórico do Oscar, vê-se que há uma tendência de dar esse prêmio a filmes de animação. Por conta disso, ele mantém seu voto em “Remember Me”, do filme “Viva – A Vida é uma festa”. Já para Salinas, “This Is Me”, de “O Rei do Show”, deve ganhar “com certeza”, pois já recebeu outros prêmios.
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