Adversários veem Lula isolado e acenando a MDB

Análises ocorrem após entrevista do ex-presidente à Folha de S. Paulo

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Enquanto petistas avaliaram que Lula fez bem em não considerar um plano B para a disputa pela Presidência, entre políticos adversários o entendimento foi de que, em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-presidente demonstrou o isolamento do partido e aceno ao MDB.

“O PT está ficando isolado. Até o comportamento de plenário inverteu: o PT está muito mais se submetendo ao PSOL do que o contrário”, disse o líder o PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT).

Quanto ao trecho em que Lula diz que o presidente Michel Temer foi alvo de tentativa de golpe quando houve a divulgação dos áudios do emedebista com o empresário Joesley Batista, o tucano vê a possibilidade de um aceno do petista para eventuais alianças eleitorais regionais.

“É uma bandeira branca, talvez. Alguém que chamou o Temer o tempo todo de golpista está colocando ele como vítima”, disse Leitão.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, comemorou a declaração: “Só vocês [da imprensa] que não acreditaram que era golpe. Até o Lula reconhece”.

Para o líder do DEM, Rodrigo Garcia (SP), Lula “quer botar todo mundo no mesmo balaio e medir todo mundo com a régua dele”.

Na esquerda e na centro-esquerda, a entrevista de Lula só foi elogiada por petistas.

O deputado José Guimarães (PT-CE), líder da minoria na Câmara, disse que o petista apenas fez um relato histórico. O líder do PT na Casa, Paulo Pimenta (RS), declarou que Lula fez bem ao não cogitar uma candidatura alternativa. “Aceitar o plano B é aceitar a criminalização do Lula.”

Pimenta minimizou as queixas de Lula na entrevista sobre o presidenciável Ciro Gomes (PDT), que tem criticado o legado do PT. O ex-presidente afirmou que o pedetista “anda falando demais” e que ninguém de esquerda vencerá sem apoio petista. “Ele [Lula] respondeu, quando questionado, sem fazer qualquer tipo de ataque”, disse o deputado, defendendo a unidade entre os partidos de esquerda.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quinta (1º), Ciro disse não ser nada fácil para alguém com a trajetória de Lula carregar uma condenação. Na sequência, classificou a afirmação do ex-presidente sobre a subordinação dos presidenciáveis ao PT ou PSDB como grave e rebateu o petista: “Lula parece não estar percebendo corretamente o que está acontecendo no país.”

O líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), disse que “reapareceu o velho Lula pragmático”.

“Pensa em eleições, em quaisquer alianças para atingir o objetivo. Não duvido que em uma eventual vitória terá aliança com o velho da política, com o MDB.” Para o líder do PSOL, Ivan Valente, “esse tipo de declaração confunde as pessoas que combateram o impeachment como golpe”.

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