Operação da PF investiga suposto pagamento de R$ 82 milhões em propina a ex-governador da Bahia
Polícia Federal fez busca e apreensão na casa de Jaques Wagner nesta segunda-feira, em Salvador.
O ex-governador da Bahia Jaques Wagner é investigado pela Polícia Federal por supostamente ter recebido R$ 82 milhões em propina do consórcio responsável pela construção da Arena Fonte Nova, em Salvador.
As investigações fazem parte da Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta segunda-feira (26). De acordo com laudo da PF, as obras da nova Arena Fonte Nova foram superfaturadas em valores que, corrigidos, podem chegar a mais de R$ 450 milhões.
Documentos, mídias e 15 relógios de luxo foram apreendidos no apartamento de Wagner, em um prédio no Corredor da Vitória, área nobre da capital baiana. A sede da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, pasta que Wagner comanda atualmente, também foi alvo de mandados.
Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, a PF informou que ainda investiga o destino final dos valores, mas disse que parte da quantia pode ter sido paga por meio de doações a campanhas eleitorais.
A PF também cumpriu mandados nas casas e os escritórios de Bruno Dauster, chefe da Casa Civil da Bahia, e do empresário Carlos Daltro, amigo de Wagner. A polícia investiga se Bruno e Carlos atuaram como intermediários para o recebimento de propina a Wagner.
Segundo a investigação da PF, parte da propina entregue a Wagner, no valor de R$ 500 mil, foi feita na casa da mãe do ex-governador, no Rio de Janeiro.
O G1 ficou durante toda a manhã em frente ao prédio onde mora Jaques Wagner, no Corredor da Vitória, área nobre de Salvador, onde esteve também o advogado do petista Pablo Domingues. Questionado pela reportagem, não comentou as acusações sobre o cliente. Domingues disse que deve ser realizada uma coletiva de imprensa sobre o assunto ainda nesta segunda-feira.
A reportagem procurou também a assessoria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e aguarda posicionamento.
O consórcio responsável pela Arena Fonte Nova informou durante a manhã que está colaborando com as autoridades e ficou de enviar um comunicado por e-mail.
A Polícia Federal informou que, para a operação desta segunda-feira iria a pedir à Justiça autorizações para realizar conduções coercitivas de Wagner, Bruno Dauster e Carlos Daltro a fim de colher depoimentos. No entanto, como o Supremo Tribunal Federal suspendeu as conduções coercitivas, a polícia, então, resolveu pedir prisão temporária dos três suspeitos, o que foi negado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Sendo assim, a PF pretende ouvir os três suspeitos em depoimento ainda a ser agendado.
Investigações
Segundo a delegada da Polícia Federal Luciana Matutino, esse inquérito tramita desde 2013 com base em estudo da Universidade Federal da Bahia (Ufba) que apontou que não havia vantagens na Parceria Público Privada (PPP) para demolição e reconstrução da Arena Fonte Nova. Esse estudo foi enviado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que na época analisou as contas e julgou ilegal o contrato.
“Em razão de laudos periciais, verificamos que houve fraude para beneficiar o consórcio formado pela Odebrecht e OAS”, diz a delegada.
De acordo com as cláusulas do edital de licitação, só as duas empresas tinham alguns requisitos. Como uma exigência de experiência na demolição, que acabou sendo um serviço terceirizado. “Então, não havia motivo para que essas exigências fossem colocadas no edital”, diz a delegada.
G1