Mesmo demitida, Luislinda é designada por Temer para viagem à Suiça
Ida à Europa, às custas do governo brasileiro, é para que ela represente o país na 37ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU
Mesmo exonerada do cargo de ministra dos Direitos Humanos, a desembargadora aposentada Luislinda Valois foi designada pelo presidente Michel Temer para viajar à Suiça no próximo sábado (24).
A viagem, às custas do governo brasileiro, é para que ela represente o país na 37ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra.
A designação foi publicada na edição desta quarta-feira (21) do “Diário Oficial da União”. A previsão é de que ela permaneça na Suíça até 2 de março.
A exoneração de Luislinda e a nomeação de Gustavo do Vale Rocha para o seu lugar foi publicada na terça-feira (20).
Procurado pela reportagem, o Palácio do Planalto ainda não se pronunciou sobre o motivo dela ter sido escalada mesmo demitida.
O presidente aproveitou reestruturação na Esplanada dos Ministérios para demitir a ministra, após o envolvimento dela em uma série de polêmicas.
Temer avalia, com a criação do Ministério da Segurança Pública, rebaixar Direitos Humanos e transformá-lo novamente em uma secretaria nacional subordinada ao Ministério da Justiça.
Ele, contudo, ainda pondera os impactos da iniciativa junto a entidades da área e tem sido aconselhado por assessores e auxiliares presidenciais a mantê-la.
Com a saída de Lusilinda, não há mais negros no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios e restou apenas uma mulher: a ministra-chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Grace Mendonça.
No cargo, Luislinda causou mais de uma vez desconforto ao presidente. No ano passado, por exemplo, ela solicitou ao governo o pagamento pelos cofres públicos de pelo menos R$ 300 mil.
O valor retroativo seria a soma da quantia que foi abatida pelo teto constitucional do acumulado do vencimento integral recebido por ela com a aposentadoria de desembargadora pela Bahia.
Segundo a íntegra do pedido, obtida pela Folha de S.Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação, ela alegava que o trabalho executado sem a correspondente contrapartida se assemelha a trabalho escravo. Como não teve resposta, ela chegou a pedir que o processo fosse encaminhada à procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
No início do ano passado, a Folha de S.Paulo revelou também que a ministra afirmava ter sido condecorada com o título de embaixadora da paz da ONU em 2012.
As próprias Nações Unidas, contudo, dizem que o posto não existe. O prêmio, na verdade, foi dado por uma ONG fundada pelo líder religioso coreano Sun Myung Moon.
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