Temporal recorde no Rio deixa 4 mortos, causa estragos e deixa desalojados
Cidade ficou mais de 5 horas em estágio de crise e teve o maior registro de chuva da história. Trens e BRT foram afetados, e vias importantes alagaram. Vários bairros tiveram queda de energia.
Por GABRIELA MATTOS
Rio – A tempestade que atingiu o Rio, na madrugada desta quinta-feira, deixou quatro pessoas mortas. Duas das vítimas foram atingidas em um deslizamento, em Quintino, na Zona Norte. Já na Rua Recife, em Realengo, um policial militar do 3º BPM (Méier) morreu após uma árvore cair em cima de seu carro. A quarta vítima é um menino de 12 anos que foi atingido por um deslizamento de terra em Cascadura, na Zona Norte.
Por causa do temporal, houve ainda desabamento de muros, queda de árvores e ruas alagadas. Entre 0h25 e 5h30, o município ficou em Estágio de Crise, quando há previsão de chuvas fortes e muito fortes.
Na manhã desta quinta-feira, a cidade voltou para o Estágio de Atenção e ainda pode haver novo temporal ao longo do dia. De acordo com o Alerta Rio, os ventos ficarão com intensidade fraca a moderada e as temperaturas estarão estáveis em relação à quarta-feira. A máxima prevista de 30°C e mínima de 19°C.
O temporal causou diversos transtornos em vários bairros do Rio e da região metropolitana. Um dirigível do Exército caiu na rede elétrica da SuperVia perto da estação Vila Militar e prejudicou a circulação de trens na manhã desta quinta-feira. Todas estações do ramal Santa Cruz foram fechadas por volta das 7h. De acordo com a prefeitura, em Santa Cruz foram registrados ventos de até 92 km/h.
De acordo com a Comlurb, todas as equipes foram mobilizadas desde a noite de quarta-feira para a limpeza devido ao forte temporal. Os garis atuam em vários pontos da cidade na eliminação de bolsões d’água, limpeza de ralos, na raspagem das pistas e remoção de lama e resíduos.
Também estão sendo removidas as árvores que caíram, priorizando a desobstrução de vias para a regularização do tráfego. As regiões com ocorrências são: Anchieta, Anil, Barra, Campinho, Centro, Cocotá, Grajaú-Jacarepaguá, Guadalupe, Ilha do Governador, Irajá, Jacarepaguá, Jardim Sulacap, Laranjeiras, Linha Vermelha, Maracanã, Olaria, Pechincha, Pedra de Guaratiba, Penha, Ramos, Recreio dos Bandeirantes, Santa Cruz, Sepetiba, Taquara, Vila Valqueire, Vila Cosmos e Vista Alegre. Segundo a Comlurb, a coleta domiciliar diária acontece normalmente, assim como os demais serviços de rotina.
Essa tempestade caiu na Zona Norte do Rio esta madrugada:
Trens param de circular
Um dirigível caiu em rede elétrica da SuperVia e prejudicou funcionamento de trens. Segundo a prefeitura, a aeronave seria do Exército, mas o Comando Militar do Leste (CML) negou a informação. A concessionária informou que o serviço do ramal Saracuruna foi suspenso e todas as estações foram fechadas. As extensões Vila Inhomirim e Guapimirim também foram interditadas. No ramal Belford Roxo, a circulação de trens ocorria apenas no trecho entre Pavuna e Belford Roxo. Às 8h, não havia partidas na Central.
Segundo a SuperVia, a estação Piedade ficou interditada para embarque e desembarque. Os trens sentido Deodoro não param nas estações Riachuelo, Sampaio, Engenho Novo, Méier, Piedade e Quintino.
Alagamentos
A forte chuva provocou alagamentos em diversas ruas. Por volta das 0h30, os locais mais atingidos eram Barra da Tijuca (98,8 mm), Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá (72,2 mm), Cidade de Deus (73,2 mm), Tanque (66,2 mm), Piedade (62,4 mm) e Anchieta (59,2 mm).
Nas redes sociais e no WhatsApp O DIA (98762-8248), moradores registraram o momento da tempestade principalmente nas zonas Oeste e Norte, como na Rua Sousa Cerqueira, em Piedade; nas ruas Conde de Bonfim, Haddock Lobo e Uruguai, na Tijuca, e as ruas Visconde de Santa Isabel e Barão de São Francisco, em Vila Isabel.
Às 7h10, o Centro de Operações informou que agentes da Defesa Civil interditaram um trecho da Ciclovia Tim Maia, entre São Conrado e a Barra da Tijuca, após um afundamento da pista na altura de São Conrado.
Viaturas da PM debaixo d´água
Durante a enchente, quatro viaturas do 9º BPM (Rocha Miranda) ficaram submersas no batalhão. Ao DIA, a PM confirmou que as instalações do batalhão foram afetadas pelo alagamento provocado pelas chuvas.
Além das viaturas no pátio, que estavam estacionadas e para descarga, os carros particulares de policiais foram atingidos. A corporação disse que o patrulhamento ostensivo da área do 9º BPM não foi prejudicada .
Vias expressas paradas
A chuva também prejudicou os motoristas que passavam pelas vias expressas na manhã desta quinta-feira. Por causa de alagamentos, às 9h, havia retenções na Avenida Brasil no sentido Centro, em Realengo, entre Guadalupe e a Penha, da Penha até Ramos e na altura de Manguinhos. De acordo com o Centro de Operações, houve também bloqueios em Manguinhos. O trânsito ficou lento desde o Caju.
A queda de árvores provocou o fechamento de trecho da Linha Vermelha no começo da manhã. Às 9h20, ainda havia retenções de Duque de Caxias até o Parque das Missões, na altura do Galeão, e entre o Complexo da Maré e o Caju.
Falta de luz
A tempestade deixou ainda diversos bairros sem luz, como Campo Grande, Jacarepaguá, Barra da Tijuca e Recreio. Em nota, a Light informou que as equipes tentam normalizar o serviço nos bairros, mas os funcionários estão “encontrando dificuldades como ruas alagadas, árvores caídas e galhos na rede elétrica”. Eles ainda informaram que, devido a uma sobrecarga na subestação Grajaú, de responsabilidade de Furnas, o fornecimento de energia para trechos dos bairros do Leblon, Copacabana, Jardim Botânico, Humaitá, Gávea, Tijuca, Vila Isabel e Grajaú foi interrompido às 12h30. A energia começou a ser normalizada a partir de 12h53 e foi totalmente restabelecida às 13h10.
Crivella diz que está acompanhando situação do Rio
O prefeito Marcelo Crivella, que está na Europa, escreveu em sua página no Facebook que está acompanhando a situação do temporal desta madrugada. A mensagem foi publicada com uma foto dos secretários de Conservação e da Casa Civil, Jorge Felippe Neto e Paulo Messina, no Centro de Operações da Prefeitura, órgão do município que gerencia situações de crise.
“Caros amigos, estou acompanhando a situação. O alerta de crise para a chuva intensa foi dado e a defesa civil foi colocada em prontidão para atuar prontamente em caso de acidentes graves. Enviei os secretários Jorge Felippe Neto e Paulo Messina ao COR para coordenar as equipes. Em poucos minutos o estágio de crise será rebaixado para alerta, mas continuaremos atentos para qualquer emergência”, escreveu Crivella.
O Dia