Atriz fala sobre personagem vítima de pedofilia e faz alerta na web
O Outro Lado do Paraíso tem provocado manifestações contrárias de psicólogos e de alguns coachs
A atriz Bella Piero, 22, protagonizou cenas fortes no capítulo desta quinta (8) em “O Outro Lado do Paraíso”, da Globo. Laura, sua personagem, finalmente descobriu que foi abusada pelo padrasto, o delegado Vinícius (Flávio Tolezani), durante uma sessão de hipnose conduzida por Adriana (Julia Dalavia).
“Eu era só uma menina, só uma menina”, disse, aos prantos, enquanto era consolada pela advogada Adriana e por Clara (Bianca Bin).
Nas redes sociais, o capítulo teve grande repercussão e a hashtag #OOutroLadodoParaíso ficou em primeiro lugar nos trending topics do Twitter no Brasil.
“Nessa cena da Laura descobrindo o abuso sexual na infância, o choro dela me arrepiou até a alma! Que atriz da p…”, escreveu uma internauta. Já outra afirmou que a cena “foi a coisa mais pesada que aconteceu nessa novela, mostrando o quanto Vinícius é um monstro”.
Houve também quem criticasse o fato de o autor Walcyr Carrasco ter escolhido uma coach para cuidar do caso de Laura, e não um psicólogo. “Estudo psicologia há cinco anos para ver uma advogada fazer regressão na personagem com traumas sexuais. Me poupe!”, postou o perfil Alter Ego Louco.
A novela tem provocado manifestações contrárias de psicólogos e de alguns coachs. Os conselhos, regionais e estaduais, de Psicologia acusam a Globo de prestar um desserviço.
No capítulo desta sexta (9), a jovem vai desmascarar o pedófilo na frente da mãe. “Tinha marcas, manchas roxas (…) você, Vinicius, você. Eu nunca gostei de você, e sempre tentava descobrir motivos objetivos, racionais para não gostar.”
REFLEXÃO
Apesar de jovem, essa não é primeira novela de Piero. A atriz fez participações especiais em “Em Família”, “Zorra”, e “Boogie Oogie”, além de integrar o elenco de “Verdades Secretas” e “A Lei do Amor”, todas da Globo.
Piero afirma que quer dar veracidade à história de Laura para que as pessoas possam refletir sobre o assunto.
“Passam muitas coisas na minha cabeça porque nossa novela é muito feminista e a gente trata o assédio em todos os níveis. Infelizmente é um tema muito atual. Me passam muitos sentimentos e muita vontade de contar essa história com a maior veracidade possível. Quero que as pessoas possam refletir sobre o assunto.”
Na trama, Laura tem dificuldades de manter relações sexuais com o marido, mas agora que ela descobriu seu trauma, talvez ela consiga superá-lo. Pelo menos, é para isso que o público torce.
“A torcida é muito grande, tanto do público quanto nossa, minha e do Igor Angelkorte. Estamos construindo essa história da forma mais verdadeira e transparente possível. Ele é muito generoso comigo em cena, e o Rafael é muito cuidadoso com Laura. A gente constrói essa história para que eles consigam vencer esse confronto que existe com o padrasto e com a mãe também, e que eles sejam felizes.”
Piero ressalta que cada caso é um caso, e que existem muitos padrastos e enteadas que se dão bem e têm uma relação saudável.
“Nem todo mundo é igual. As relações têm muitas variáveis. Sei que existem muitas relações de enteadas com padrastos que são saudáveis, mas a do caso da novela não é. Nem a relação de Laura com a mãe, Lorena (Sandra Corveloni), é saudável. Isso transpassa para o padrasto. Se fosse, não chegaria a um nível perigoso. É uma realidade nossa, não só no Brasil. Os abusos sexuais acontecem, em 90% dos casos, dentro da família e nossa função social é chegar nisso.”
ALERTA NAS REDES SOCIAISNo dia 3 de fevereiro, a atriz fez um post em seu Instagram dizendo que achava difícil contar a história de Laura, assim como imaginava que era difícil para as pessoas assistirem a trama. Ela também pediu que o público tenha mais empatia com o drama da personagem.Leia o texto na íntegra:”É difícil para mim contar essa história. Como imagino que deva ser difícil para vocês ouvirem O abuso sexual é um assunto muito pesado, espinhoso e ao mesmo tempo sempre atual. Me impressionei com a quantidade de pessoas, inclusive mulheres, questionando a postura da personagem. Dizendo que ela está fazendo drama e que já está chato.
O trauma da Laura foi tão forte quando ela era tão pequena, que por defesa o cérebro dela bloqueou a situação e deixou em seu inconsciente. Ela não lembra o que aconteceu. Agora vocês sabiam que na maioria dos casos, a vítima chega a demorar anos para ter força e coragem de contar tudo o que de fato viveu?
Fica anos com essa mesma postura da Laura. Sem ninguém a sua volta perceber e enxergar a gravidade da situação, apenas julgando que a pessoa é estranha, chata, repulsiva e dramática. Ter um pouco mais de empatia e sororidade com quem está ao nosso lado é extremamente necessário para conseguir enxergar e mudar essa situação, porque nesses casos o silêncio é sempre presente. Não como escolha. Ninguém escolhe ser abusada. Ninguém escolhe ter medo de contar.
A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA.
Não é mimimi, nem muito menos drama, é um trauma profundo que traz consequências comportamentais e psíquicas graves. Às vezes levando vidas embora. Essa semana a história da Laura vai desenrolar por completa e eu espero que quem estiver assistindo consiga entender todos os porquês dessa história e consiga de fato olhar para quem está ao seu lado com um olhar mais atento e generoso.Você pode não saber quais são os monstros que essa pessoa enfrenta. Mas eles existem. Luz! Amor!”
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