Cópia da insulina é opção mais barata para controle de diabetes
A expectativa é que o biossimilar, mais acessível, melhore o controle da doença
A insulina biossimilar Basaglar começou a ser vendida no Brasil em novembro de 2017 com preço que chega a ser até 70% menor do que o valor do medicamento original, a insulina glargina.
A glargina é um tipo de insulina de efeito prolongado. Diferentemente da insulina humana tradicional (NPH), ela não causa picos quando sua dose atinge o ponto máximo na redução de glicemia no sangue.
Mais cara e mais moderna, ela é indicada a pacientes com diabetes tipo 1 que que sofrem com hipoglicemia com o uso da insulina tradicional.
O preço de uma ampola da glargina chega a custar R$ 260 em farmácias.
Em alguns Estados, pacientes conseguem obtê-la com facilidade. Em outros, muitos recorrem à justiça em busca do medicamento.
De acordo com Melanie Rodacki, consultora da Sociedade Brasileira de Diabetes, com a crise financeira nos Estados, mesmo pacientes com liminares judiciais têm tido dificuldade em conseguir o medicamento na rede pública.
“Tenho pacientes com crises de hipoglicemia graves sem o medicamento que não estão conseguindo ir trabalhar porque desmaiam”, diz.
A expectativa, segundo ela, é que o biossimilar, mais acessível, melhore o controle da diabetes nesses pacientes -seja na rede pública ou privada.
Já percebemos que as farmácias começaram até a reduzir o preço da glargina tradicional, diz.
MEDICAMENTO BIOSSIMILAR
A insulina, medicamento biológico, é obtida em células de organismos vivos. O biossimilar é uma cópia e apresenta semelhança no mecanismo de ação dentro do corpo comprovada em testes de laboratório. A segurança para o uso também é equivalente ao biológico de referência.
Comparado a um remédio sintético, o processo para obter a molécula mais adequada para o tratamento torna o remédio biológico mais custoso por envolver várias etapas e precisar de uma segurança maior contra contaminações.
Muitas moléculas são descartadas até que se chegue à ideal, explica Rosângela Rea, endocrinologista e professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná). O biossimilar custa menos porque já parte de uma molécula eficaz pronta.
A maior preocupação com relação aos biossimilares, segundo Rosângela, está na condução dos testes para comprovar a semelhança e a segurança do medicamento, que garantem seu bom funcionamento.
Desenvolvida por meio da parceria firmada entre as empresas Eli Lilly e Boehringer Ingelheim, a Basaglar foi a primeira insulina biossimilar aprovada pela Anvisa para venda no país.
Para a endocrinologista, o surgimento dos biossimilares facilita o acesso ao tratamento por terem preço menor do que o dos biológicos -um movimento parecido com o da chegada dos remédios genéricos.
A incorporação desses remédios, no entanto, depende ainda da difusão das informações sobre o produto para médicos e pacientes.
“É um alívio para o paciente ter uma outra opção de tratamento, mas o médico precisa estar familiarizado com o mecanismo de ação do medicamento antes de fazer as prescrições”, afirma Rosângela.
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