Na Venezuela, fome faz com que população busque por alimentos em latas de lixo

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Foto: Sebastián Guido/Agência PLANO

Por Sebastián Guido/Agência PLANO

A crise política e a recessão econômica, que se agravaram nos últimos quatro anos, deixaram de ser um segredo de Estado para tornarem-se uma realidade alarmante. No início, apenas algumas pessoas se atreviam, timidamente, a buscar por alimentos descartados fora dos estabelecimentos comerciais. Mas com o passar do tempo, especialmente no último ano, somaram-se a este grupo pessoas de diversos extratos sociais que, com ou sem vergonha, movidos por necessidade e impossibilidade de comprar mantimentos, começaram a procurar dentro das caçambas de lixo das ruas e avenidas por um pouco de comida ou algo para vestir.

São cenas que, lamentavelmente, podemos ver em todas as partes da Venezuela. Sendo que, em muitas ocasiões, as protagonistas são as crianças. No estado de Nueva Esparta, primeiro destino turístico do país, a pobreza está em todos os cantos. Não só perto dos restos de lixo, mas nos faróis e em vias tradicionais, é possível ver crianças pedindo dinheiro ou algo para comer. É assim que passam os dias e conseguem sobreviver.

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Na Isla Margarita, em Nueva Esparta, a realidade tem duas caras. De um lado, vemos turistas comendo empanadas, uma das comidas típicas da região. Enquanto a poucos metros, crianças caminham sozinhas pedindo um pouco de piedade. Muitos o fazem sem nem pronunciar palavras. Se aproximam, olham e estendem as mãos. Outros falam apenas “tenho fome”.

A pobreza em números

Na intenção de esconder o que está acontecendo no país, em 2015, o Instituto Nacional de Estatística deixou de publicar os números sobre pobreza. No entanto, diversas organizações privadas têm levantado essas informações e garantem que a população está recorrendo ao lixo porque está passando fome.

Algumas estatísticas indicam que 8% dos venezuelanos comem restos de alimentos. Apesar de, em setembro de 2017, a secretaria executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena, afirmar ter “um registro” de uma importante redução da pobreza na Venezuela, por conta dos avanços dos programas sociais do governo, não é isso que se vê nas ruas. No final do mesmo ano, Bárcena disse que, a pobreza registrada em 2017 foi causada pelo “freio no crescimento econômico não só a nível regional, mas, principalmente, em grandes países como Brasil e Venezuela”.

O relatório “Panorama Social da América Latina 2017” informou que a pobreza atingiu 186 milhões de pessoas na região em 2016, sendo que 61 milhões encontram-se em situação de pobreza extrema. Na época da apresentação do relatório, a representante da Cepal afirmou que as projeções eram que, em 2017, o número de pobres aumentasse em 1 milhão de pessoas. Ela considerou “alarmante” o caso dos menores de idade já que, em 2016, 46,7% dos latino-americanos de 0 a 14 anos estavam em situação de pobreza.

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Nesse contexto, existe outro elemento bastante preocupante. Trata-se dos índices de desnutrição que afetam crianças e adultos na Venezuela, especialmente na Isla Margarita, onde, em 2017, a cada 48 horas um bebê recém-nascido faleceu. No total, foram 180 mortes, estimativa feita por Germán Rojas Loyola, secretário de Informação e Difusão da Junta Directiva Central de la Sociedad Venezolana de Puericultura y Pediatría (SVPP).

O médico assegurou que a taxa de mortalidade infantil em 2017 foi de 23,5 mortes a cada 1.000 menores. As crianças com idades entre um mês e um ano foram vítimas de infecções respiratórias, do sistema nervoso e gastrointestinais, todas associadas a desnutrição, o que ocasionou um incremento importante no número de mortes em relação a 2016.

Por:Yahoo

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