Executivo da Engevix entrega pagamento de R$ 1 mi a empresas ligadas a Dirceu

O ex-vice-presidente da Engevix Gerson Almada entregou ao juiz federal Sérgio Moro comprovantes de pagamentos no valor de R$ 1 milhão a empresas de comunicação, supostamente em benefício do ex-ministro José Dirceu. Trata-se de contratos que a construtora firmou com a Entrelinhas e a gráfica VC, nome fantasia de Márcia Cristina Maffei – ME. O magistrado retirou sigilo dos documentos ontem.

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Em suas confissões, o executivo afirmou ter ouvido de Milton Pascowitch sobre a existência de uma conta administrada em Madri, na Espanha, em suposto benefício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de José Dirceu, administrada pelo lobista. Ele apresentou comprovantes de pagamentos que alega serem a Dirceu, mas diz não ter provas sobre a conta espanhola.

Gerson Almada resolveu confessar supostos crimes nos autos da denúncia do Ministério Público Federal sobre propinas de R$ 2,4 milhões das empreiteiras Engevix e UTC para o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil – Governo Lula). O petista teria recebido os valores durante e depois do julgamento do Mensalão – ação penal em que foi condenado.

Ajuizada em 2 de maio, a acusação da força-tarefa da Lava Jato ainda não foi recebida por Moro. Gerson Almada pediu para falar antes de o magistrado decidir se coloca ou não os investigados no banco dos réus. Além do executivo e de Dirceu, são acusados Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão do ex-ministro; João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT; e Walmir Pinheiro Santana, ex-executivo da UTC.

O empreiteiro, que compareceu espontaneamente à Polícia Federal no dia 4 de julho, admitiu que contratos no valor de R$ 900 mil entre a Engevix e a Entrelinhas Comunicação foram firmados “de forma simulada no intuito de justificar pagamentos sem causa lícita”.

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Almada afirma que, ao lado de seu sócio Cristiano Kok, foram efetivadas as transferências, no período de 2011 a 2012. Ele diz que mantinha uma conta corrente desde o ano de 2005 com o operador financeiro Milton Pascowitch, a qual era utilizada com o objetivo de pagamentos de propinas a agentes públicos políticos e partidos, dentre os quais, especificamente, José Dirceu. “Milton afirmou que José Dirceu não tinha recursos para pagar a Entrelinhas e, por conta disso, Milton teria assumido a dívida e me repassou”, afirmou Almada.

Os contratos no valor de R$ 900 mil com a Entrelinhas já constavam em denúncia contra Dirceu e Almada. O executivo, no entanto, quis acrescentar que ainda firmou termos com a gráfica VC no valor de R$ 100 mil, também em benefício de Dirceu.

Almada afirma que, da mesma forma que se deu com a empresa Entrelinhas, ele foi procurado por Milton Pascowitch, o qual solicitou, mediante abatimento na conta corrente, o pagamento do valor referido em favor da pessoa jurídica Márcia Cristina Maffei ME, que, segundo ele, seria uma empresa prestadora de serviços a José Dirceu.

Segundo Almada, por intermédio da Engevix, mediante emissão de nota fiscal pela pessoa Jurídica Marcia Cristina Maffei, efetuou transferência bancária de R$ 100 mil para a conta daquela empresa e que sabia que o pagamento favoreceria José Dirceu.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO CRISTIANO ZANIN MARTINS, QUE DEFENDE LULA

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“Essa é mais uma peça de ficção que integra o sistema de delações premiadas a “la carte” que vem se tornando uma marca da Operação Lava Jato. Para obter benefícios, réus confessos precisam se referir a pessoas pré-estabelecidas pelos integrantes da operação, em especial, o ex-presidente Lula. Lula jamais recebeu qualquer valor indevido da Engevix ou de qualquer outra empresa e empresário. O próprio depoente reconheceu que não tem qualquer prova contra o ex-presidente, deixando evidente que a referência ao seu nome foi artificialmente construída para que a sua delação fosse aceita é mantida.”

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ROBERTO PODVAL, QUE DEFENDE DIRCEU

“Vou ter acesso ao depoimento ainda, mas, se for verdade, a colaboração de Milton Pascowitch deve ser revista.”

COM A PALAVRA, O ADVOGADO THÉO DIAS, QUE DEFENDE PASCOWITCH

“Nenhum sentido. Em seu próprio depoimento, Almada afirma não ter prova do que diz.”

Sem sucesso, a reportagem tentou contato com a Entrelinhas desde sexta-feira, assim como no caso de Maffei, por meio dos telefones presentes nas notas fiscais.

fonte:istoe

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