Temer escolhe ministro responsável por ter cantado musica de Benito de Paula

Intenção é colocar integrante da ‘tropa de choque’ do presidente e aliado de Cunha na vaga de Antonio Imbassahy (PSDB). Mas após conversas com tucanos, presidente decidiu esperar.

Por Delis Ortiz, TV Globo, Brasília

Carlos Marun assumirá a Secretaria de Governo em solenidade no Planalto nesta quarta-feira (22) (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Carlos Marun assumirá a Secretaria de Governo em solenidade no Planalto nesta quarta-feira (22) (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

               O novembro é azul

Pressionado pelo “Centrão” e pelo PMDB para mudar o articulador político do Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer decidiu nesta quarta-feira (22) nomear o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) como ministro da Secretaria de Governo em substituição ao tucano Antonio Imbassahy (BA).

Mas, após encontros nesta quarta com o senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, e com o próprio Imbassahy, a definição sobre o futuro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política com o Congresso, dependerá do momento em que os tucanos decidirem entregar os cargos no governo, informou o blog de Andréia Sadi. Enquanto isso, Imbassahy segue ministro.

Deputado federal de primeiro mandato, Marun é um dos mais ferrenhos integrantes da “tropa de choque” do presidente da República e aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Para assumir como ministro, o peemedebista se comprometeu com Temer a não disputar a reeleição para deputado federal no ano que vem. Carlos Marun é gaúcho, mas fez carreira política no Mato Grosso do Sul. Foi vereador em Campo Grande, deputado estadual e secretário de Habitação e Cidades.

No Twitter, a assessoria do Palácio do Planalto chegou a anunciar uma cerimônia de posse conjunta de Marun e do novo ministro das Cidades, Alexandre Baldy. Mas a mensagem (veja reprodução abaixo) foi apagada depois da publicação.

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Resultado de imagem para fotos de Marun dançando

Foto: Folha PE

Marum demonstra não temer em momento algum as mudanças que vem acontecendo no Brasil e sua justiça.

Presente à cerimônia de posse de Baldy, Marun disse não ter recebido convite para ser ministro.

“As manifestações que eu recebi em função dessa situação foram todas de apoio, de todos os partidos de todos os líderes, mas isso não quer dizer que faltasse apoio ao Imbassahy. Diante dessa perspectiva [de assumir o ministério] muitos me cumprimentaram”, afirmou.

Questionado por jornalistas se ainda aguarda um convite para tornar-se ministro, afirmou que “isso não se aguarda”. Disse que “toca o trabalho” e que a decisão é do presidente.

Ao longo da semana, cogitou-se dentro do Planalto que Antonio Imbassahy oderia ser deslocado para outra pasta, como a dos Direitos Humanos, atualmente comandada por outra indicada do PSDB, a ministra Luislinda Valois.

À noite, Marun divulgou nota, na qual se diz à disposição do governo. Ele voltou a negar que tenha sido convidado para assumir a Secretaria de Governo.

Leia a nota divulgada pelo peemedebista:

NOTA

Em relação a expectativa criada pelas notícias que anunciaram a minha posse nesta quarta-feira, no cargo de Ministro Chefe da Secretaria de Relações Institucionais, declaro o seguinte:

1- Eu e alguns Deputados do PMDB conversamos hoje pela manhã no Palácio do Planalto com o Sr presidente, mas nenhum convite foi oficializado;

2- Essa conversa somada ao adiamento do horário da posse do Deputado Baldy no ministério das Cidades gerou a expectativa de que eu também seria empossado, o que nunca chegou a ser confirmado;

3- Mantenho minha confiança no governo e meu empenho no sentido de que sejam aprovadas as necessárias reformas que o presidente Temer corajosamente propõe;

4- Me mantenho a disposição do presidente, para contribuir para a continuação do sucesso de nossas ações, nos termos do que foi hoje conversado.

Carlos Marun

Deputado Federal – PMDB/MS

Jantar com aliados

Na ofensiva política para tentar aprovar a reforma da Previdência, além de fazer mudanças pontuais em seu primeiro escalão, o presidente da República oferecerá nesta quarta-feira um jantar a integrantes da base aliada para tentar convencer os deputados a aprovarem a proposta ainda neste ano.

O Palácio do Planalto ainda não dispõe dos 308 votos necessários para aprovar a reforma no plenário da Câmara. Para mudar a Constituição, o texto terá que passar por duas votações na Câmara e outras duas no Senado.

Segundo o colunista do G1 e da GloboNews Valdo Cruz, assessores do presidente relataram que o jantar desta noite faz parte da última cartada do governo para garantir a aprovação das mudanças nas regras de aposentadoria. O jantar, na avaliação da equipe presidencial, será o termômetro para medir as reais chances de aprovar a medida ainda neste ano.

A estratégia inclui a reorganização da base aliada – com a retirada do Ministério das Cidades e da Secretaria de Governo da cota do PSDB, partido que está rachado em torno de uma ala que defende a permanência no governo e outra que quer o desembarque imediato.

Blog da Andréia Sadi informou que Temer chamou nesta quarta o presidente licenciado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), para uma reunião no Palácio do Jaburu.

Outro integrante da “tropa de choque” do presidente, o vice-líder do governo na Câmara, deputado Darcisio Perondi (PMDB-RS), também passou pela residência oficial nesta manhã. O Blog apurou que Perondi defendeu na conversa a nomeação de Marun para a Secretaria de Governo.

Perfil

Natural de Porto Alegre (RS), Carlos Marun tem 57 anos de idade. Em 1982, o peemedebista se formou em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Cinco anos depois, mudou-se para Campo Grande (MS), onde ingressou na vida pública como secretário de Assuntos Fundiários da capital do Mato Grosso do Sul, a convite do então prefeito Juvêncio César da Fonseca.

Em Campo Grande, também ocupou o cargo de presidente da Empresa Municipal de Habitação (EMHA), na gestão do peemedebista André Puccinelli. Em 2007, foi Secretário de Habitação e das Cidades de Mato Grosso do Sul, quando Puccinelli assumiu o governo estadual.

Polêmicas

Conhecido por recorrer a frases de efeito, Marun acumula polêmicas dentro do Congresso Nacional.

Aliado do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Lava Jato, o parlamentar de Mato Grosso do Sul era uma das poucas figuras que defendia o ex-presidente da Câmara, publicamente, quando a situação dele se complicou em investigações sobre corrupção.

Na sessão que cassou o mandato de Cunha, em 2016, Marun foi um dos 10 deputados que votou contra a cassação. Apesar da defesa feita por Marun, os votos de 450 deputados fizeram Cunha perder o mandato e ficar inelegível por oito anos.

Mesmo após a prisão de Cunha pela Lava Jato, Marun continuou ao lado do peemedebista e, utilizando verba da Câmara, foi visitá-lo, no final de 2016, na prisão em Curitiba, no Paraná. Diante da repercussão negativa, o deputado afirmou que devolveria o dinheiro à Câmara.

Além de ter se envolvido em vários bate-bocas, Marun também protagonizou outros episódios polêmicos. No mais recente, no último dia 16 de novembro, trocou ofensas com dois moradores de Campo Grande.

Após ser acusado de ladrão por um casal que passava em uma motocicleta, o deputado foi tirar satisfação, chamando de “merda”, “vagabundo” e “vagabunda” o homem e a mulher.

Vice-líder do PMDB na Câmara, Marun também ganhou destaque ao fazer uma ferrenha defesa de Michel Temer, nas duas denúncias contra o presidente que foram analisadas pela Câmara dos Deputados.

Após a Câmara bloquear a segunda denúncia, o parlamentar cantou e dançou, comemorando o resultado da votação.

Na Câmara, Marun também assumiu a relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS. O colegiado, criado para investigar supostas irregularidades em empréstimos do BNDES à J&F e nas delações dos executivos do grupo, tem sido criticado por pessoas que dizem que o real objetivo da comissão é atacar a Procuradoria Geral da República e defender políticos acusados de corrupção.

Marun também foi um dos deputados que, ao lado de Eduardo Cunha, atuou para dar andamento ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

G1

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