Eduardo Cunha se tornou o ‘principal advogado’ de Temer, diz Renan Calheiros
Em entrevista à BBC Brasil, ex-presidente do Senado faz críticas ainda à possível nomeação do correligionário Carlos Marun (PMDB-MS) para o cargo de ministro da Secretaria de Governo, responsável pela articulação política, e diz que Lula é o melhor candidato para 2018.
Na política existe um ditado conhecido como “Lei de Murici”: na hora do perigo, cada um que cuide de si. Para o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), o correligionário Eduardo Cunha, que comandou a Câmara entre 2015 e 2016, deixou de lado esta máxima nas últimas semanas, ao se converter no principal defensor do presidente Michel Temer (também do PMDB) contra as investigações e as acusações dos delatores da operação Lava Jato.
Murici é também a terra natal do senador, na zona da mata alagoana, além de designar uma planta típica do Nordeste brasileiro.
Entre outras coisas, ele se refere ao fato de Cunha ter isentado o presidente das acusações feitas pelo operador do mercado financeiro e delator Lúcio Funaro em depoimento à Justiça Federal em Brasília no dia 6 de novembro. Para Renan, o ex-presidente da Câmara passou os últimos 30 dias em Brasília “para fazer a defesa de Michel Temer de corpo presente”. Preso desde outubro de 2016, o ex-deputado é alvo de diversos processos na Lava Jato.
“Essa situação (menção ao presidente na delação de Funaro) é mais uma tentativa dele querer mostrar importância. Lúcio Funaro nunca teve acesso a Michel Temer. Ele fala, na sua delação, que teve três encontros com Michel Temer (…). Esses três que ele cita, ele nunca teve (contato com o peemedebista). Na minha frente, ele nunca cumprimentou o Michel Temer”, disse Cunha no depoimento.
A possibilidade de nomeação do deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) para o cargo de ministro da Secretaria de Governo significaria a chegada de “mais um” representante do ex-presidente da Câmara ao núcleo do governo, afirma Renan.
“É uma coisa corajosa do presidente. Mas pouco criativa, porque continua a privilegiar intermediários”, disse Calheiros, que, desde que deixou o comando do Senado, vem buscando se distanciar do governo Temer, sobretudo na tramitação de medidas impopulares, como as reformas trabalhista e a da Previdência.
Políticos governistas mencionaram a possível nomeação de Marun durante todo o dia de ontem, e o governo chegou a postar por engano em uma rede social que ele seria empossado no cargo. Mas o Palácio do Planalto não confirmou oficialmente a escolha.
Renan, ele mesmo investigado na Lava Jato, falou brevemente à BBC Brasil por telefone, na noite desta quarta feira. Na conversa, ele fala ainda a nova proposta do governo para a Reforma da Previdência e a possível candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Fonte:terra