Se existe direitos humanos distorcidos, tinha que tela como ministra e ser no Brasil
Num país em que direitos trabalhistas são retirados, cultura e educação são massacrados, a saúde é sucateada e políticas sociais são congeladas, a ministra dos Direitos Humanos Luislinda Valois se destaca.
Foto: Michel Temer e Luislinda Valois (reprodução)
Num país em que direitos humanos são contestados por integrantes da direita, direitos trabalhistas são retirados sem pena, cultura e educação sendo massacrados diuturnamente, saúde sendo sucateada, políticas sociais que se perdem como por encanto e que agora se prepara para uma reforma previdenciária das mais agressivas, a ministra dos Direitos Humanos Luislinda Valois se destaca.
A ministra em questão não se destacou por ter defendido minorias, manutenção de direitos trabalhistas, retomada da democracia ou por ter gritado contra fim do Bolsa Família, tão importante para milhões de brasileiros, ou mesmo ter se posicionado contra a nova formatação do que é trabalho escravo no país, mas sim que ela pediu ao governo salário de R$ 61 mil, pois que o teto constitucional lhe condena a uma vida de escravidão, pois só ganha R$ 30,9 mil.
A ministra ganhou as redes, os jornais, os portais, o disse-me-disse. E nenhuma delas elogiou uma posição sua relacionada ao momento trágico dos Direitos Humanos no Brasil. Alguns veículos apontaram, no documento apresentado por ela, um erro histórico: Luislinda disse que a norma advinda com a Lei Áurea recebeu o número 3533, mas, na realidade, a lei sancionada por Isabel, a princesa, em 13 de maio de 1888, é a 3353. Errinho bobo dentro do maior erro cometido.
Filiada ao PSDB, Luislinda, diante de tanta comoção causada por seu pedido, disse que não iria se pronunciar a respeito. Na pasta desde fevereiro deste ano, ela declarou em seu documento que “ao criar o teto remuneratório, não se pretendeu, obviamente, desmerecer ou apequenar o trabalho daquele que, por direito adquirido, já percebia, legalmente, os proventos como sói acontecer na minha situação”. Reconhece, mas não se sente feliz pois que faz analogia a trabalho escravo sua jornada e sua remuneração.
No Código Penal, o trabalho análogo ao de escravo é aquele que submete a pessoa a condições degradantes, jornada exaustiva, trabalho forçado, cerceamento de locomoção e servidão por dívida. No caso de Luislinda, ela apela para um vencimento maior pois precisa se vestir melhor, comprar calçados, se alimentar, e pouco sobra depois disso. A ministra esqueceu que tem imóvel funcional, carro com motorista, jatinhos da FAB, cartão corporativo e salário de R$ 30,9 mil.
Diante da comoção, a ministra voltou atrás. Não quer mais receber salário acima do teto constitucional. Em nota, Luislinda informou que enviou um comunicado ao governo desistindo de acumular o salário de ministra com aposentadoria de desembargadora aposentada pela Bahia.
A Casa Civil, diante da balbúrdia, deu parecer negando o pedido da ministra, enviando o caso ao Ministério do Planejamento, que ainda não se pronunciou.