Médico Jair Araújo diz que falta de materiais no Hemocentro impediu cirurgia de idosa

Por: PAULA VIGNERON 

Na última terça-feira (1), o médico e professor Jair Araújo fez uma denúncia sobre o Hemocentro de Campos. Segundo o profissional, a falta do kit de transfusão de sangue impediu a realização de um procedimento cirúrgico em uma paciente do setor de oncologia do Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA), do qual é ex-diretor. Em um áudio destinado ao prefeito Rafael Diniz, que viralizou nas redes sociais, ele declarou que a idosa estava à espera de sangue para a operação. “É uma situação inconcebível, no meu ponto de vista. A minha responsabilidade médica é impossibilitada de ser executada por falta de condições de trabalho e de condições de segurança para paciente. Urge uma providência que deixe de lado todo o passado e encare o presente como o mais necessário”, afirmou. Em nota, a Prefeitura questionou a ação do médico e disse que vai tomar as medidas judiciais cabíveis.
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Foto: Folha1
Em entrevista à Folha da Manhã, Jair declarou que a situação é parte de um contexto maior: a saúde do município de Campos. Ele destacou que o posicionamento em relação ao caso da paciente não tem ligação com partidarismos e política:
— Meu partido é saúde, educação e o ser humano. O meu movimento foi no sentido de defesa de uma situação absolutamente necessária, que é defender a saúde da pessoa. Então, se eu falei isso para o prefeito e vazou, foi porque houve algum tipo de divulgação, algum interesse em pulverizar isso. Mas eu não quero que isso se confunda com qualquer situação de oposição ou de apoio ao prefeito. Tenho uma posição clara de apoio à nova política que ele representou quando se candidatou. Essa nova política envolve transparência, diálogo, valorização da pessoa, priorização da saúde como um bem absolutamente indispensável. E, nesse sentido, estou me colocando totalmente à disposição sempre para ele ou qualquer governo que, institucionalmente, precise ou queira me ouvir. Estou tentando ajudar.
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  • Site: Ururau
  • De acordo com o médico, o fato foi “pontual, grave, que pode estar em um contexto de uma dificuldade imensamente maior que o poder público está tendo”. Para ele, estas dificuldades estão relacionadas, entre outras coisas, à aquisição de material de consumo, como o kit de transfusão de sangue, formado por reagente, agulha, equipo e plástico para estocar.
— Em um momento em que é absolutamente imprescindível nós termos doador de sangue, não pode ter o doador e não ter o kit. Mas isso está no primeiro degrau da escada. Por que a saúde tem problemas? Aí, tem uma escada longa. E você não chega ao último degrau se não passar por todos os outros. Você tem que ter insumos básicos, assim como profissionais que possam atender as pessoas. Assim como tem que otimizar seus recursos, já que estão escassos — pontuou, destacando que, para a otimização, é necessário regionalizar a saúde e hierarquizar o sistema, uma obrigação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Confira a nota da Prefeitura na íntegra:
A prefeitura de Campos, através da Procuradoria Geral do Município, vai tomar medidas judiciais cabíveis contra o médico Jair Araújo questionando informações que não seriam verdadeiras, relativas ao Hemocentro Regional do Hospital Ferreira Machado. De acordo com a procuradoria, a situação não condiz com a realidade.
No áudio, ele se dirige ao prefeito, alegando que deu alta à uma paciente com câncer, que estaria precisando de uma cirurgia urgente, porque estaria faltando kit transfusional no Hemocentro. A Secretaria de Saúde nega a denúncia e afirma que o Hemocentro Regional do Hospital Ferreira Machado não recebeu pedido formal de sangue para paciente internada no Hospital Escola Álvaro Alvim para tratamento cirúrgico de câncer de mama.
— O Hemocentro confirmou que não chegou nenhum pedido formal de urgência. Quando chega um pedido de urgência para cirurgia, o Hemocentro logo envia — explica a secretária de Saúde, Fabiana Catalani.
A secretaria ressalta ainda que, mesmo com estoque reduzido, quando há um pedido de urgência o Hemocentro atende a demanda. “A Procuradoria Geral do Município vai interpelar o médico a fim de que ele esclareça com base em que fundamentos ele chegou às conclusões apresentadas no áudio, tendo em vista que a secretaria de saúde afirma que as informações não condizem com a realidade”, informa o procurador José Paes Neto.
O hemocentro funciona no HFM, diariamente, das 7h às 18h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Para doar, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 kg, estar bem de saúde e portar um documento de identidade oficial com foto. Jovens com 16 e 17 anos só podem doar sangue com autorização dos pais ou responsável legal.
Não é necessário estar em jejum, apenas deve-se evitar alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação e bebidas alcoólicas 12 horas antes. O Hemocentro Regional de Campos funciona todos os dias, das 7h às 18h, incluindo sábados, domingos e feriados, na Rocha Leão, n° 2, no bairro do Caju.
Folha 1

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