Cientistas descobrem espaço vazio escondido na Grande Pirâmide de Gizé

Descoberta só foi possível após surgimento de técnicas modernas da física e achados foram publicados na ‘Nature’. Pirâmide é estudada há 200 anos.

A Grande Pirâmide de Gizé, também conhecida como Pirâmide de Quéops ou Khufu (Foto: Nina Aldin Thune/CC0 Creative Commons)

A Grande Pirâmide de Gizé, também conhecida como Pirâmide de Quéops ou Khufu (Foto: Nina Aldin Thune/CC0 Creative Commons)

Depois de dois anos de estudos na ‘Grande Pirâmide de Gizé’ (Egito), cientistas descobriram que há um grande espaço vazio no interior monumento — ainda não acessado. O achado foi publicado nesta quinta-feira (2) na edição on-line da revista “Nature” . Eles estimam que o vazio tem pelo menos 30 metros de comprimento.

O estudo teve como primeiro autor Kunihiro Morishima, da Universidade de Nagoya, no Japão, e incluiu também pesquisadores franceses da Université Paris Saclay. A “Nature” classificou o achado como a principal descoberta no interior da pirâmide desde o século XIX.

Segundo os cientistas, ainda não se sabe o porquê desse vazio ou a função dele, já que o seu acesso foi obtido de forma indireta para evitar danos à pirâmide.

Cientistas, no entanto, comemoram a descoberta só possível após o surgimento de técnicas modernas da física. A pirâmide é estudada há mais de 200 anos e esse achado pode ajudar a desvendar os mistérios sobre a sua construção.

“Os achados mostram como a física moderna de partículas pode lançar novas luzes sobre o patrimônio arqueológico do mundo”, escreveram pesquisadores no estudo.

Ilustração em 3D mostra a pirâmide e a localização do espaço encontrado. Ainda não se sabe o porquê do espaço existir (Foto: ScanPyramids via Nature)

Ilustração em 3D mostra a pirâmide e a localização do espaço encontrado. Ainda não se sabe o porquê do espaço existir (Foto: ScanPyramids via Nature)

Para descobrir o espaço vazio, cientistas utilizaram imagens da pirâmide feitas com raios cósmicos, feixes com energia muito alta e enorme velocidade. Quando lançados sobre partículas, esses raios ajudam a desvendar os mistérios da formação dessas estruturas.

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Aparelhos detectores de muóns usados para captar imagens da pirâmide (Foto: ScanPyramids via Nature)

Aparelhos detectores de muóns usados para captar imagens da pirâmide (Foto: ScanPyramids via Nature)

Os raios cósmicos formam partículas conhecidas como muóns, produzidos quando esses raios atravessam a atmosfera terreste. Subatômicas, essas partículas são similares ao elétron e podem se comportar como o raio-x utilizado para fazer imagens do corpo humano. O muón possui uma trajetória quase linear e pode penetrar milhares de metros de pedra sem ser absorvido ou “sumir”.

A Grande Pirâmide de Gizé está localizada no planalto de Gizé, nos arredores do Cairo, no Egito. Ela integra o complexo de Grandes Pirâmides, onde também está localizada a famosa Grande Esfinge. Estima-se que ela tenha sido construída no reinado de Faraó Khufu (Queóps), que reinou de 2509 a 2483 a.C.

Segundo a “Nature”, a pirâmide foi construída a partir de blocos de pedra calcária e granito e, com seus 139 metros, é a mais antiga e maior das pirâmides egípcias. Também, diz a “Nature”, “é uma das estruturas mais impressionantes do mundo antigo hoje existente.

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