Fortes emoções prometidas para hoje a noite no futebol em Campos RJ
Ingressos para a partida correm o risco de se esgotarem, por conta da grande procura por parte dos torcedores, mesmo com a baixa temperatura prometida pela previsão do tempo para a região.
Invictos após o término da fase classificatória do primeiro turno da Série B1 do Campeonato Estadual, Goytacaz e Americano disputarão, hoje, uma vaga na final da Taça Santos Dumont. Considerado o mais importante do ano até aqui, o jogo marcado para as 19h, no estádio Ary de Oliveira e Souza, renova a rivalidade centenária, que por muito tempo ficou adormecida. Desde a véspera, já não se falava em outra coisa em Campos. Em meio ao cenário de expectativa para a semifinal, a Folha reuniu um torcedor fanático do Goyta e um do Cano, amigos de longa data, numa conversa recheada de lembranças, palpites e provocações sadias, além de um desejo comum: a paz no clássico.
Luis Augusto Santana, o “Coliseu”, cresceu aprendendo a amar o Goytacaz. Atualmente com 57 anos, sendo os últimos 25 alimentando o sonho de ver o Alvianil retornar à primeira divisão, ele procurar passar para os filhos e netos o que viveu desde a infância, marcada pelas tardes no Aryzão. O clássico é uma oportunidade para unir a família em torno da paixão em comum.
— Nasci e cresci no Goytacaz. Vivi minha infância no estádio da rua do Gás. Meu pai, meu tio e meu irmão jogaram lá, assim como eu. É uma tradição da família. Um jogo que me marcou muito foi exatamente um clássico com o Americano, que estava vencendo por 3 a 0, no final dos anos 1960. Nossa torcida já estava indo embora quando começou a virada. Ganhamos de 4 a 3, com um gol no finalzinho. Foi uma festa linda — contou Coliseu, que foi a todos os jogos do Goyta em casa nesta Série B1, além de um no Rio de Janeiro.
História parecida de amor por seu clube tem Juscelino Rocha, de 61 anos, com o Americano. Desde a adolescência, ele vive o clube diariamente, também por influencia familiar. “Com 15 anos, eu já torcia declaradamente para o Americano. Minha família era divida, mas um dos meus irmãos era torcedor fanático do Cano, e eu peguei esse fanatismo. Meu jogo marcante foi o da final da Taça Cidade de Campos de 1975, em que o Americano foi campeão com um gol de Paulo Roberto. Esse gol foi polêmico, teve uma confusão, porque algumas pessoas disseram que a bola não entrou. Mas entrou, a rede é que estava furada”, recordou Check, que é tio-avô do atual goleiro titular do Alvinegro, Patrick.
— Tenho um sobrinho que foi campeão pelo Goytacaz quando o time subiu para a primeira divisão pela última vez, em 1992. Hoje, a situação é inversa, porque o filho dele joga no Americano. Ele vai estar na arquibancada e tem a obrigação de torcer pelo Cano e pelo Patrick, que tem 20 anos e muito futuro pela frente, inclusive está invicto. Como que ele vai torcer contra o filho? — brincou.
Entre as lembranças da juventude e da época de auge dos rivais, logo surgiram os palpites para o clássico decisivo. “O Goytacaz é o favorito, porque vem num melhor momento. Mas o Americano sempre tira alguma coisa da cartola e dá a volta por cima. Torço para que seja um jogo sem briga. No campo, vamos vencer por 1 a 0, com um gol aos 47 minutos do segundo tempo”, disse Check. “Espero que seja um jogo de paz. Que os dois continuem invictos, o que é bom para a nossa cidade. Se der empate, não tem problema, não (risos)”, rebateu Coliseu, lembrando da vantagem do Goyta, que se classificará para a final em caso de igualdade no placar, já que foi o líder do Grupo B, enquanto o Americano avançou em segundo no Grupo A. Hoje à noite, Check e Coliseu estarão no estádio. Amigos, amigos, Goyta-Cano à parte.
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