Essa o RAnotícias não poderia deixar de registrar
Texto: Luiz Cândido Tinoco
Arte: Sérgio Gonçalves!


FUTEBOL NA ROÇA.
Antes de narrar este fato,preciso dizer a todos os amigos que sou profundo admirador de dois sobreviventes deste tragicômico episódio. Fernando e Josélio “O Narrador Bom de Bola”. São grandes profissionais que sempre fizeram a diferença no rádio esportivo de Campos.E quem conta essa história é o próprio Fernando Antonio. Então ,vamos aos fatos: Nos idos dos anos 1990, um grande fazendeiro da região de São Francisco ,antigo Sertão de São João da Barra, louco por futebol e fã incondicional das transmissões do Josélio pela Continental, procurou o narrador para saber das possibilidades de um velho sonho:ser concretizado.: Transmitir um jogo do time de sua Fazenda, em um campo construído por ele, já pensando em inscrever a equipe no campeonato amador daquela região. Então, foi-lhe dito das dificuldades em função de transportar aparelhagem etc. O homenzinho estava mesmo disposto a conseguir o seu objetivo e para tanto disse ” O que for preciso não tem problema. Grana não é problema” Convencido de que ali estava a oportunidade de um faturamento para a emissora, o narrador procurou o dono da empresa, na época o inesquecível Andral Tavares, que, prontamente,concordou. Foi então que os repórteres esportivos da emissora, Fernando e Gugu foram acionados e comunicados que haveria a transmissão diretamente da fazenda do tal “senhor”. O adversário seria outro time da região, cujo “dono”vivia alardeando que era imbatível, pois até ex- profissionais de Americano e Goytacaz eram pagos por ele para vestir a camisa da briosa equipe. No dia previsto, o povo da área começou a chegar a fazenda, procurando se posicionar em volta do campo, que não tinha alambrado e muito menos arquibancada, Só os convidados do fazendeiro poderiam sentar em cadeiras fornecidas por ele e colocadas estrategicamente nas proximidades do gramado. A equipe da emissora chegou,sendo recepcionada festivamente, com papa de milho e outras gostosuras típicas do interior.Havia ainda a expectativa de um churrasco no próximo evento, caso o time vencesse aquele partida. As duas equipes em campo, o árbitro pronto para apitar o início do amistoso, (não havia bandeirinha), Mas a equipe da rádio tinha um sério problema; De onde ficaria melhor para transmitir o jogo, já que não havia cabine. Foi então que ficou resolvido que o narrador ficaria na carroceria da caminhonete do fazendeiro, no alto de um morro, tipo meia – laranja localizado logo após a lateral do campo. Foi ai que a tragédia começou,antes mesmo do apito inicial.. Gugu, que já havia provado da “branquinha” oferecida pelo dono do time, levada num pequeno barril de “carvalho” para uma mesinha ao lado das cadeiras, decidiu que só iria “trabalhar” se recebesse o cachê antecipadamente. O Fernandinho foi até ele e argumentou:” Tá maluco, cara.? O jogo vai começar” Mas o colega estava irredutível. “Só pego no microfone se ele pagar antes” O chefe da equipe também tentou convencê-lo :”Isto é ridículo. O homem é gente muito boa, e tem muita grana, Está bancando tudo !”Mas, não teve jeito.A bola começou a rolar, Fernando fazendo “ponta” e reportagens e o “Bom de Bola, na carroceria, narrando: Lá vai Zé da Couve, tocou pro Amaro de dona Barbinha, e assim ia tudo bem na transmissão. Foi ai que, sorrateiramente, Gugu entrou na cabine do veículo e deitou-se na poltrona, Em dado momento, chateado por não ter recebido o cachê,resolveu “aprontar”. Desengrenou a caminhonete e pisou na embreagem, ao mesmo tempo em que descia da mesma.A caminhonete descia o morro na proporção em que ganhava velocidade.
Na carroceria, o narrador procurava se proteger, agarrando-se na trave de madeira que ficava atrás da capota.A papelada com as escalações das duas equipes voou longe ao mesmo tempo em que no gramado os atletas saíam em desabalada carreira. cada um procurando fugir da rota do veículo sem condutor. O árbitro que no começo não percebera o que estava acontecendo,tratou de fazer o mesmo.

Naquela altura do desastre,os convidados largaram pra trás as cadeiras em que estavam sentados, cada um tomando o seu rumo. O carro só parou depois que atravessou o gramado chegando na outra margem do campo. Nem é[ preciso imaginar o que aconteceu depois. Ninguém ia querer estar na pele do repórter que causou o estrago. Segundo Fernando,quando já entrava no carro que os traria a Campos lamentando que o jogo tivesse se encerrado precocemente,ainda olhou para o gramado e viu que no mesmo, desiludida, só restava a maltratada bola. Até a próxima.
Por Luiz Cândido