“Própria de ditaduras”, diz Carmem Lúcia sobre espionagem

A vitória no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não pôs fim aos problemas enfrentados pelo presidente Michel Temer (PMDB). Quando terminava o julgamento que absolveu a chapa Dilma/Temer, a revista Veja publicava em sua versão online a denúncia de que o ministro da Corte Edson Fachin, relator da operação Lava-Jato, estaria sendo espionado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a pedido do presidente Michel Temer. Ele nega. Já a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, repudiou através de nota.
Segundo a reportagem, a investigação da Abin já estaria em curso há alguns dias. A Agência teria encontrado indícios de que Fachin voou no jatinho da JBS, empenhando-se em encontrar provas para constranger o relator e pedir seu afastamento do processo e, a anulação da delação do dono da JBS, Joesley Batista.
Temer telefonou para a ministra após a divulgação da notícia. De acordo com interlocutores da ministra, Temer afirmou que não havia mandado investigar Fachin. Antes, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, já havia ligado para a ministra desmentindo tais fatos. Coube a Etchegoyen, segundo a reportagem, a missão de obter provas de que o ministro voou em jatinho da JBS em meados de 2015 para um encontro sigiloso com Renan Calheiros, no sentido de garantir sua indicação ao Supremo.
Mesmo diante da negativa, a ministra emitiu nota em repúdio: “É inadmissível a prática de gravíssimo crime contra o Supremo Tribunal Federal, contra a Democracia e contra as liberdades, se confirmada informação de devassa ilegal da vida de um de seus integrantes. Própria de ditaduras, como é esta prática, contrária à vida livre de toda pessoa, mais gravosa é ela se voltada contra a responsável atuação de um juiz, sendo absolutamente inaceitável numa República Democrática, pelo que tem de ser civicamente repelida, penalmente apurada e os responsáveis exemplarmente processados e condenados na forma da legislação vigente”, disse na nota. (S.M.) (A.N.)

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