Garotinho e Rosinha em Campos para depoimento sobre calçadas.
O ex-governador Anthony Garotinho (PR) e a ex-prefeita Rosinha Garotinho (PR) estiveram nesta sexta-feira em Campos para prestarem esclarecimentos ao promotor Fabiano Rangel, responsável pela investigação criminal sobre as polêmicas obras das calçadas na área central do município. Impedido de pisar na cidade sem autorização judicial desde novembro do ano passado, Garotinho afirmou que a investigação “não é nada preocupante”. Ao final da oitiva, o promotor disse que não iria comentar sobre o caso e que a investigação continua. A oitiva estava marcada para às 15h, mas o casal chegou à sede do Ministério Público (MP) às 15h30. A audiência terminou somente por volta das 20h40.
De acordo com o Ministério Público, existem indícios de irregularidades na licitação para obras de pavimentação de ruas do Xexé, no Farol de São Thomé, orçadas em R$ 7,5 milhões, que geraram aditamentos sem novos pregões para a recuperação de calçadas na área central do município sem a autorização dos proprietários dos imóveis ou da Câmara de Vereadores, o que é proibido. O histórico de obras do governo rosáceo já foi colocado em xeque no caso do Morar Feliz, quando os ex-executivos da Odebrecht Leandro Azevedo e Benedicto Júnior admitiram que teriam forjado, junto com a Prefeitura, as licitações para as construções de casas populares em Ururaí de uma forma que apenas uma empreiteira do tamanho da Odebrecht poderia ganhar.
Ainda segundo o Ministério Público, a licitação não previa um projeto básico, o que fere a Lei de Licitações. Apesar das irregularidades aparentes, os fiscais aprovaram as obras no mesmo dia em que a nota fiscal com o pagamento foi emitida, de acordo com informações do MP. Porém, a secretaria municipal de Obras aproveitou a licitação e fez um aditivo de R$ 1 milhão para a Ladrilhos Goytacazes fazer a recuperação de calçadas no distrito sede, sem especificar os locais.
Fabiano Rangel é titular da 1ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) do MP, que também é responsável por apurar outro caso envolvendo o ex-governador: o documento entregue em delação premiada pelo diretor da JBS Ricardo Saud. Segundo o executivo do frigorífico, foram repassados mais de R$ 3 milhões em propina ao ex-ministro e ex-senador Antonio Carlos Rodrigues (PR) através da Ocean Link, empresa que atuou em Campos até 2015 e tem como sócios os mesmos proprietários da Working, conhecida prestadora de serviços do governo rosáceo. Em uma nota fiscal com o brasão de Campos apresentada por Saud como prova do repasse da propina, o nome de Garotinho aparece escrito a mão. Como adiantou a coluna Ponto Final do último dia 23 de maio, Fabiano poderia aproveitar a oportunidade para questioná-lo também sobre o caso da JBS. No entanto, o promotor também não quis comentar sobre o caso.