Traficante de armas continua com nome fora na lista vermelha da Interpol

MPF quer explicações das polícias Federal e Civil por ação que apreendeu fuzis no Galeão

– ATUALIZADA ÀS
BRUNA FANTTI
Traficante de armas Frederik BarbieriDivulgação

Rio – O nome do traficante de armas Frederik Barbieri ainda não consta como procurado no sistema da Interpol, do FBI, nem há mandados de prisão em seu nome no Sistema Nacional de Mandados de Busca. Assim, ele ainda pode entrar no país sem impedimento, como já fez outras vezes desde que um mandado de prisão foi expedido pela Justiça da Bahia, em 2015.

O fato de o nome dele não ter sido incluído no sistema federal também será objeto de investigação do Ministério Público Federal. “Como ele ingressou três vezes no país é algo que temos que saber como é possível. Mesmo já tendo notícias de que ele já tentou entrar com esse mesmo material na Bahia”, disse Oliveira. Seu último ingresso teria sido após o mandado, em 2015.

Em 2010, um contêiner com armas que veio de Miami, nos Estados Unidos, ficou retido no Porto de Salvador. Os órgãos instados pelo MPF terão até cinco dias para responder aos questionamentos do procurador.

Ministério Público coloca policiais federais sob suspeita

‘Não estamos questionando a operação em si. O resultado foi bom? Foi bom. Mas é preciso que saibamos se houve algum tipo de desconfiança da Polícia Civil para ela não ter feito a comunicação (sobre a ação) à Polícia Federal”. A fala é do procurador da República, Eduardo de Oliveira, que coordena o setor do Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Federal do Rio.

Os fuzis, a maioria AK 47 e AR 10, estes últimos os modelos usados pelo Core e Bope, grupos de elite da polícia carioca, renderiam R$ 4 milhões se fossem vendidosMárcio Mercante / Agência O Dia

O procurador instaurou um procedimento investigatório criminal para saber o motivo de a Polícia Civil não ter comunicado antecipadamente nem à Polícia Federal e nem ao Ministério Público Estadual a respeito das escutas telefônicas e da remessa ilegal de uma carga com 60 fuzis apreendidos no dia 1º de junho no Aeroporto Internacional do Rio. A carga saiu de Miami, nos Estados Unidos, escondida no interior de aquecedores de piscina.

De acordo com Oliveira, também será apurado o motivo da Polícia Federal ter permitido a atuação de policiais civis na apreensão no aeroporto. Em documento do Ministério da Fazenda, ao qual O DIA teve acesso, o nome do delegado Maurício Mendonça, titular da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), aparece como ‘autoridade fiscal’, remetendo a carga encontrada ao delegado federal Fábio Andrade.

“O aeroporto internacional é praticamente o berço de atuação da Polícia Federal. Causa estranheza uma das polícias, que já vem atuando há dois anos com informações fora da sua atribuição (tráfico internacional de armas) agir na casa da Polícia Federal sem realizar a comunicação da investigação. Isso levanta suspeita se a Polícia Civil tinha alguma dúvida do sistema de fiscalização do Galeão”, disse.

Uma das medidas que serão tomadas na investigação é o levantamento das escalas dos agentes federais que atuam no setor de scanners. O MPF quer saber quantas cargas da mesma empresa de aquecedores de piscina já foram remetidas ao aeroporto e quais agentes participaram da fiscalização. “Devemos pensar que essa foi a primeira vez que ele (traficante Frederik Barbieri, responsável pelo envio da carga), enviou uma remessa do tipo? Se não foi, quer dizer que havia uma expectativa dele de que 60 fuzis passassem invisíveis ao sistema federal? Na realidade do crime do Rio as polícias precisam agir coordenadas. Se há falha no sistema precisamos entender onde para saber se as nossas fronteiras e aeroportos estão protegidos”, afirmou Oliveira.

Procurada, a Polícia Federal disse que “ainda não iria comentar” a instauração do procedimento. Em nota, a Polícia Civil disse que “agiu por absoluta preservação do interesse público; ratifica que o inteiro teor de suas ações se materializa no procedimento submetido ao crivo do poder judiciário estadual”.

Já o Ministério Público Estadual confirmou que “não foi antecipadamente informado a respeito de conversação telefônica interceptada sobre o carregamento de armas e nem foi antecipadamente informado sobre a operação que resultou na apreensão dos fuzis”.

Por: O Dia

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